É que sobre ser triste, eu sei.

Aprendi a transformar a tristeza em poesia, aprendi que o ato de despejar a dor nas palavras descarrega a alma, deixa o fardo menos pesado e até suportável. Desde cedo sou fascinada pelo poder que as palavras têm, elas podem te curar ou te arrebentar em questão de segundos. Hoje escrevo com a trilha sonora de fundo sendo o barulho do cair da chuva no telhado, e a gargalhada das crianças brincando, o som ecoa e reverbera sobre as paredes do meu quarto húmido, escrevo para aliviar um pouco o aperto que sinto aqui dentro, aperto que eu não sei de onde vem. A angústia vem me consumindo a alguns dias, às vezes ela sai para descansar e dá espaço à alegria, mas ela sempre volta, ela se recusa a abandonar-me. Por vezes me pergunto quando conseguirei sorrir sem dor oculta no sorriso, o que me deixa encabulada é que eu não tenho motivos para estar/ser assim, o que houve na verdade é que um dia eu acordei e estava assim, do nada, sem mais nem menos. O que me consola é que ser perseguida pela angústia rende bons textos, já pensou como é louco isso? A tristeza me dá mais inspiração do que a alegria. Eu fato sei o que é alegria? Será mesmo que sei ser alegre? Não sei, não posso ao menos dizer-lhes que tenho fé que um dia encontrei satisfação nesse sentimento poderoso, eu não tenho fé, me roubaram toda ela. Não as pessoas e sim a vida. Talvez quem sabe, um dia escrevo sobre ser feliz, por enquanto sigo apenas usando o bordar de palavras como valvula de escape, como um meio de diminuir o peso que carrego na alma.

Nenhum comentário:

Postar um comentário